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  • Foto do escritorKleber Del Claro

O PRIMEIRO DE NÓS! Eosimias, o "macaco do alvorecer" e que cabia na palma de sua mão.

Atualizado: 7 de abr. de 2021


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"De onde viemos e para onde vamos" é uma chavão costumeiro em discussões sobre nossas origens. Uma coisa é certa, tão certa quanto a existência da gravidade, somos o produto de milhões de anos de evolução, movida pela seleção natural de caracteres hereditários. Não há milagre algum, há apenas a ação do tempo, selecionando características evolutivamente positivas e eliminando as negativas. Nós, Homo sapiens, o macaco sabidão, pertencemos ao Reino Animal, Filo Cordata, Classe Mamalia, Ordem Primata.

Nossa ordem, se divide em dois grupos, uma separação que ocorreu entre 80 e 70 milhões de anos, entre o Cretáceo e o Paleoceno, um evento relativamente recente na história da Terra. Os grupos são o dos Prossímios (lêmures, lórises e társios) e os Antropoides (ou símios, macacos).

Os antropoides são um grupo de primatas atualmente representados por humanos (Família Hominidae) e macacos do Novo Mundo e do Velho Mundo. Os antropoides se distinguem de outros grupos de primatas, como lêmures e lorises por vários caracteres dentários e cranianos (fechamento pós-orbital, focinho mais curto, aumento da visão devido a órbitas mais frontais, ossos frontais fundidos). Decifrar a evolução inicial dos primatas antropoides desafia os paleontologistas há décadas em vários continentes. O reconhecimento de antropoides fósseis é difícil porque eles exibem apenas uma parte das características dos antropoides existentes. Antropoides indiscutíveis foram rastreados até o período Eoceno e têm até 45 milhões de anos (Ma) de idade, mas sua evolução inicial ainda é pouco documentada.

Durante várias décadas, os antropoides foram considerados originários do continente afro-árabe, onde foram registrados nos períodos eoceno-oligoceno (39-32 Ma). No entanto, descobertas sucessivas em localidades mais antigas (45-40 Ma) de antropoides mais primitivos na China e Mianmar, apoiam uma origem asiática para esse grupo.

Um trabalho de escavação realizado durante 2015-2017 levou à descoberta de um novo primata de 40 milhões de anos, Aseanpithecus myanmarensis, que apóia e refina ainda mais o cenário de uma colonização precoce da África por antropoides originários da Ásia.

Assim, descobertas recentes de antropoides basais mais antigos e filogeneticamente mais primitivos na China e Mianmar, os Eosimiiformes, apóiam a hipótese de que a Ásia era o local de origem dos antropoides, ao invés da África. Taxa similares de Eosimiiformes foram descobertos no final Eoceno médio de Mianmar e norte da África, refletindo um evento de colonização que ocorreu durante o Médio Eoceno. Entretanto, esses Eosimiiformes provavelmente não eram os mais próximos ancestrais dos antropoides da coroa africana.

Um estudo recente (1) reforça a hipótese de que a colonização africana por antropoides foi o resultado de vários eventos de dispersão e envolveu vários grupos derivados .

Apesar das recentes descobertas, o que ainda prevalece é que Eosimias é um gênero de primatas primitivos, descoberto e identificado pela primeira vez em 1999 a partir de fósseis coletados nas fissuras de Shanghuang em Liyang, a cidade do sul da província de Jiangsu, na China. É uma parte da família Eosimiidae e inclui três espécies conhecidas: Eosimias sinensis, Eosimias centennicus e Eosimias dawsonae (2). Ele nos fornece um vislumbre de um esqueleto de primata semelhante ao do ancestral comum dos Haplorhini (incluindo todos os símios).

O nome Eosimias foi projetado para significar "macaco do alvorecer", do eos grego "amanhecer" e do latim simius "macaco"

Acredita-se que a espécie tenha vivido por volta de 45 milhões de anos antes do presente, na época do Eoceno.

Eosimias sinensis era pequena, tão pequena quanto o menor macaco atualmente, o sagüi-pigmeu (Cebuella pygmaea) da América do Sul, e cabia na palma da mão de um ser humano.




(2) Beard, K.C.; Qi, T.; Dawson, M.R.; Wang, B. & Li, C. (1994). "A diverse new primate fauna from middle Eocene fissure-fillings in southeastern China".Nature.368(6472): 604–609.doi:10.1038/368604a0.PMID8145845.





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