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  • Foto do escritorKleber Del Claro

Biólogos e Engenheiros se unem para mostrar o poder transformador do Vento no Cerrado!



Quando a bióloga (Prof. Dra Helena Maura Torezan Silingardi), viu por uma janela no campus Santa Mônica da UFU, o engenheiro mecânico (Prof. Dr Odenir de Almeida), trabalhando em um túnel de vento, para o curso de Engenharia Aeronáutica, ela pensou:

"Tá aí uma oportunidade de ter medidas confiáveis para saber o potencial de dispersão de sementes de plantas pelo vento no cerrado!"


São de boas ideias como essa, aliadas à parcerias colaborativas que surgem grande estudos multidisciplinares.


A partir da conversa desses dois grandes cientistas da Universidade Federal de Uberlândia, os alunos de mestrado: Letícia Rodrigues Novaes (o estudo foi seu mestrado orientado pela Profa. Maura!), Marcos Lima de Oliveira, Larissa Alves-de-Lima e o doutorando da USP Eduardo Calixto Soares se uniram em um esforço imenso para testar em laboratório e no campo, a força do vento para dispersar as plantas, as sementes.


Estudos fenológicos na vegetação da savana brasileira, o Cerrado, descrevem um padrão fenológico generalizado para todas as espécies de plantas, com base principalmente nas chuvas e temperatura. Poucos estudos consideraram o vento um fator explicativo. Porém, sabemos que fatores abióticos, como o vento, podem impactar diferentemente as fenofases (fases de desenvolvimento vegetal), e uma fenofase pode influenciar o desempenho da outra. Ou seja, o desenvolvimento dos vegetais, pode não ser afetado apenas por água, chuva, qualidade do solo e espécies animais que interagem com elas, mas também pelo vento.


Assim, os pesquisadores buscaram descrever os padrões fenológicos de cinco espécies de plantas anemocóricas, dispersas pelo vendo:

Aspidosperma tomentosum, Dalbergia miscolobium, Kielmeyera coriacea, Peixotoa tomentosa e Qualea multiflora no Cerrado. Mas considerando diferentes condições climáticas, avaliando principalmente os efeitos do vento no diásporo maduro (sementes aladas). O que foi feito no campo, em condições naturais e no laboratório, em condições controladas, com o uso de um túnel de vento para testar aviões e carros, aerodinâmica.


Os cientistas abordaram três questões principais:

(1) Qual é o comportamento fenológico de cada uma dessas cinco espécies de plantas anemocóricas em um ambiente sazonal (com mudanças ao longo dos meses)?

(2) Quais variáveis ​​climáticas melhor explicam cada fenofase (fase das plantas)?

(3) A dispersão de diásporos maduros (sementes com asas, ou plumosas) tem um pico, um período específico?


Eles descobriram que:

(i) as espécies de plantas estudadas apresentaram padrões fenológicos semelhantes, exceto para as fases florais de duas espécies (A. tomentosum e P. tomentosa) e o início da frutificação;

(ii) cada variável abiótica tem um nível específico de influência para cada fenofase, mas as mais importantes variáveis ​​foram precipitação (chuvas) e a velocidade do vento; e

(iii) o pico de dispersão dos diásporos maduros (sementes aladas das plantas) ocorreu logo após a perda de folhas pelas plantas, deiscência foliar, quando as plantas tinham menos folhas. O que facilita a ação do vento!


Eles concluíram que os padrões fenológicos dessas cinco espécies de plantas anemocóricas são semelhantes, mas os padrões observados não são necessariamente os descritos para todas as espécies de Cerrado. Não se pode generalizar.


Mas os resultados mostraram claramente que o vento é um fator importante na expressão de fenofases específicas e que o desempenho de alguns eventos fenológicos pode ser influenciado por outros, especialmente pela dispersão do diásporo, as sementes. Ou seja, o vento pode contribuir significativamente para levar as sementes, os filhos das plantas, para locais mais distantes, colonizando novos ambientes e permitindo uma maior manutenção da biodiversidade no Cerrado.

Certamente essa dissertação de mestrado de Letícia, com apoio de seus colegas Larissa, Marcos, Eduardo, com a boa orientação que teve, vai abrir muitas portas!


Incrível não é mesmo?

Veja abaixo um vídeo didático sobre esse estudo que foi publicado na revista internacional de grande impacto, STOTEN - Science of the Total Environment.

https://doi.org/10.1016/j.scitotenv.2020.139039

Corresponding author.

E-mail addresses: hmtsilingardi@gmail.com, torezan.silingardi@ufu.br

(H.M. Torezan-Silingardi).
















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