Foto: Albina Santos - Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sul de Minas Gerais -Muzambinho. -( Agradecemos a gentileza de autorizar o uso da imagem.)
Em um artigo que vi hoje a Revista Nature estampa a seguinte mensagem:
"A Educação está literalmente acabando no Brasil e ajuda internacional é necessária"* -
Não concordo com nenhuma das duas afirmações. Nem a educação está acabando no Brasil e somos capazes de resolver nossos próprios problemas.
Nossa democracia tem bases sólidas e como todo sistema político passa por suas turbulências. Não precisamos de protetorado exterior, e nossos problemas só aumentam com interferências estrangeiras, quanto intencionam tutelar. Ninguém faz nada de graça. O Brasil está entre as dez maiores economias do mundo, temos um mercado consumidor gigante e em expansão, não somos uma republiqueta de bananas desprezível aos países da revolução tecnológica. Ou seja, há muitos interesses envolvidos em tudo que nos acontece e a nossa Política Educacional está no olho do furacão nesse momento. Isso não significa que desprezo o apoio e alerta da comunidade internacional. Muito pelo contrário. Mas tem que ser visto com muita cautela.
Não é segredo para ninguém com um mínimo de bom senso e cultura que o Brasil deu enormes saltos de qualidade e acessibilidade à educação e ciência nos últimos 20 anos. Como também não é desconhecido que nos últimos quatro anos todos esses avanços encontram-se ameaçados. E quais são os principais?
1- maior ingresso na educação básica e conclusão no ensino médio;
2- democratização e ampliação do acesso ao ensino público superior;
3- rápida ampliação do acesso e políticas de permanência das classes menos favorecidas a educação;
4- crescimento exponencial da qualidade e quantidade da ciência nacional, com sua respectiva internacionalização e produção de patentes tecnológicas;
Oras bolas, tudo isso incomoda quem está à frente, pois começa a nos ver no retrovisor. Não sejamos ingênuos, não se trata apenas de escolhas políticas equivocadas, de lutas entre tendências ideológicas antagônicas e ou disputa de mercado interno. Trata-se de nosso espaço no mundo. Trata-se de Nossa Revolução Tecnológica e a passagem do Brasil para a Era Digital.
É por isso que combatemos arduamente os cortes na educação e na Ciência culpabilizando os problemas econômicos pelos quais o país passa. Educação e Ciência não representa gasto é investimento. Vejamos o exemplo da Coréia do Sul que há 35 anos era um país três vezes mais pobre e menos desenvolvido que o Brasil, cheio de problemas sociais e políticos, com a economia estagnada e hoje nos deixa comendo poeira porque investiu numa Revolução Educacional e Científica. Na Coréia do Sul os valores gastos com o ensino básico são quase três vezes maiores do que no Brasil: US$ 9,3 mil por aluno ao ano na Coréia contra US$ 3.822 no Brasil, dados de 2013 da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). Essa disparidade só aumentou nos últimos quatro anos. "Com altos salários e alta capacitação, a profissão de professor é símbolo de prestígio na sociedade coreana. "Professores são vistos pelas autoridades como cruciais para o projeto nacional e elas não costumam criticá-los publicamente”, afirma Paul Morris, professor do Instituto de Educação da Universidade de Londres.**
Com a crise no bloco do Euro e sem saber ao certo que rumos serão tomados nas próximas décadas, vimos nas semana passada a Alemanha anunciar que investirá 160 bilhões de Euros em suas Universidades Públicas até 2021. Porque? Os alemães sabem o quanto rende gerar um grande cientista, uma nova tecnologia, que a boa ciência representa mais! Mais:
Saúde - novos medicamentos, vacinas, terapias; Economia - novos equipamentos, tecnologia, remédios e tecnologias que podem ser vendidos, royalties; Educação - um povo educado está menos suscetível a doutrinação, seja ela qual for; Ciência - ampliando as capacidades do país em todas as frentes, da conservação da biodiversidade à filosofia, da racionalização de recursos ao melhor uso da energia ampliando o lucro. esses são alguns exemplos.
E porque nas universidades públicas? Porque no mundo todo é nelas que são feitas as ciências básicas e aplicadas de qualidade, em quase sua totalidade. Sim! É isso mesmo!
Educação é cultura, educação é menos doutrinação, menos misticismo, mais racionalidade, mais ciência, mais vida, saúde e progresso. Educação é menos interferência externa e maior prerrogativa do Brasil nas questões internacionais. O Brasil estava contribuindo efetivamente para a ordem internacional e decisões econômicas globais. São prerrogativas como esta que estamos perdendo ao colocar abaixo nosso sistema educacional.
Daí eu lhe pergunto. O que você vai apoiar? Investir em nossa educação pois ela é transformadora? É ela que vai nos livrar de todas as formas de doutrinação e misticismo, pois permite as pessoas que pensem racionalmente. Que substancia as decisões familiares, permitindo o planejamento para o progresso dos filhos e das famílias, do seu grupo social. Ou vamos continuar perdendo tempo discutindo a sexualidade da rainha do gelo? Perdendo tempo com a Terra plana e os idiotas que moram numa pizza voadora mental? Investir em armas e não em livros?
Por isso, a foto e a frase da senhorita Albina Santos em seu Facebook, foram inspiradoras para esse texto:
''Sou estudante, sou racional e eu defendo o Instituto federal!!! Acorda Brasil, acorda Brasil, revolução se faz com educação e não fuzil.'' Albina Santos - IFET Muzambinho
Chegou a hora decisiva de você decidir o que vai apoiar. Que bandeira vai beijar?
Educação indiscriminada, do básico ao universitário, gratuita, de qualidade e para todos e todas.
Esse é o único caminho para um bom futuro de qualquer nação racional.
*https://natureecoevocommunity.nature.com/users/194366-juliano-morimoto/posts/48774-brazil-towards-uneducated-country?utm_source=newsletter_mailer&utm_medium=email&utm_campaign=newsletter&fbclid=IwAR0A-ydq9Bwpgo9xk2GhHjcuEMLNC9pnQ5oWVqvhJjwpcl_xQh2BQo6XVYM
**"Leia mais em: https://www.gazetadopovo.com.br/educacao/coreia-do-sul-deu-salto-ao-priorizar-ensino-basico--ao-contrario-do-brasil-0t7zs2apxhtbspap3kdhdbvii/Copyright © 2019, Gazeta do Povo.